sábado, 21 de novembro de 2015

Colatina/ES, novembro de 2015:” Nunca antes , nesta cidade, se viu uma situação como essa”

Na área de festas da Praça Sol Poente, filas se formam para receber água (sexta-feira,20/11/2015)
Texto e fotos: Paulo R. Maciel para o blog WWW.REPORTERPAULOMACIEL.BLOGSPOT.COM

Uma cidade de 120 mil habitantes sem água. É assim que vive a população de Colatina/ES há quatro dias, devido à interrupção da captação de água do rio Doce para tratamento pelo órgão público responsável pelo sistema – o Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear). O motivo? A chegada de lama à calha do rio proveniente das barragens de mineração rompidas no início de novembro em Mariana/MG. A justificativa? Necessidade de fazer análises mais apuradas sobre a qualidade dessa água que passa pela cidade. Enquanto isso, muitos moradores compraram potes e mais potes de água mineral nas lojas, adquiriram novas caixas d’água, baldes, tonéis, e o que mais pudesse armazenar o líquido em casa. Mas, ainda assim, não foi o suficiente para resolver o problema. A distribuição de água mineral nos caminhões da Samarco ou de doações diversas tem sido tumultuada ou com extensas filas e até invasões de veículos. Felizmente uma notícia boa: Nesta sexta-feira o ministro da Integração Nacional, Gilberto Ochi, esteve na cidade e informou que as análises não comprovaram problemas na água do rio que impeçam o seu tratamento pelo Sanear. Com isso, a situação pode começar a normalizar-se a partir do fim de semana ou na próxima semana. Ele disse que nos mais de 400km da região de rompimento das barragens até a cidade de Colatina a lama foi se diluindo e com isso também foi reduzido o volume de metais pesados que poderiam comprometer a captação do líquido para tratamento. Outra notícia boa é de que um poço profundo perfurado pela Samarco no lado sul da cidade resultou em água para captação. O cenário até o momento é de uma região em estado de guerra, com carros-pipa de várias cidades, alguns emplacados até no estado de São Paulo, circulando a todo momento para abastecer hospitais e reservatórios de comunidades de periferia;  populares  “brigando” por água mineral junto aos veículos distribuidores; helicópteros voando frequentemente pelo céu da “Princesa do Norte” capixaba; usuários do sistema em busca dos reservatórios plásticos de 10 mil litros espalhados por zonas habitacionais; restrições no uso de banheiros nas unidades educacionais; bebedouros sem água na estação rodoviária; informações desencontradas... Enfim é um ambiente nunca visto na região, mesmo em tempos de enchentes do rio Doce. O que nós – a população - podemos fazer? É esperar para ver se o ambiente de normalidade volta mesmo nos próximos dias. Oxalá isso aconteça, para o bem de todos. E que essa mobilização das autoridades não pare por aí ou que se produza só conteúdo de mídia para divulgação em jornais e televisão. Que EFETIVAMENTE o tão importante RIO DOCE seja, de uma vez por todas, desassoreado, tratado com a dignidade que merece, enfim, que seja RECUPERADO CONCRETAMENTE, sem mais esse blá-blá-blá que a população ouve há décadas e que não leva a nada.
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