segunda-feira, 21 de novembro de 2016

ARTIGO - A halitose, conhecida como mau hálito

(Texto e foto: Repórter, radialista e blogueiro Paulo Maciel)
Eu sempre fui um cara cismado e preocupado com a halitose. Uma vez, ressabiado, chamei minha mulher e perguntei: - Seja sincera, eu tenho mau hálito? E ela respondeu "na lata": - Nããão! Não me dando por satisfeito, perguntei se podia soprar em suas narinas. Ela o permitiu, e soprei. E ela repetiu o que havia dito anteriormente: - Você não tem mau hálito. Fiquei "satisfeitissíssimo". Mas, parece que para  confirmar a resposta dela, soprei várias vezes na direção da minha própria mão em côncavo. A halitose - eu sei disso - é uma preocupação de todo mundo, uns mais, outros menos. Alguns, no entanto, nem sabem que tem essa condição, desconfortante para o bom convívio humano. Há pessoas que, por terem essa anomalia acentuada, são até cognominadas à distância "bafo de onça". Com o tempo fiquei sabendo que o mal pode vir do estômago ou da própria cavidade bucal descuidada na sua higiene primordial. Já me senti desconfortável diante de pessoas com halitose acentuada, mas nunca me referi ao assunto, nem com elas e nem com outrem. Ocorre que sempre tem alguém que vem me falar, quando observam tal situação em um ser humano. Aí o denunciante escracha impiedosamente mesmo, comparando até com esgotamentos excrementosos. Triste condição! Ainda bem que há correção medicinal para tal status desordenado, ou seja, é uma irregularidade regulável. Em minha parte santa, consciente ou inconsciente, sempre fui um abobado nessa questão. Li muitas revistas do Tio Patinhas, Pato Donald, Mickey e congêneres. Vi também muitas novelas de boa índole, como "Pecado Capital", em sua primeira versão, onde Lima Duarte era recebido todos os dias por um conjunto enfileirado de funcionários idólatras. Eu achava aquilo o máximo e não podia conceber que um chefe como aquele, adorado e amado por todos, inclusive pela Lucinha, pudesse ter halitose.
Certa vez, entrei numa nova empresa e esperei ansiosamente a chegada  do momento em que estaria enfileirado, junto com os outros funcionários, para ovacionar o patrão. Só que não aconteceu. E eu me frustrei por isso. Depois vi que o recente patrão tinha mau hálito. Mas eu não desistia. Como dizem, brasileiro não desiste nunca. E pensava que havia, sim, homens sem mau hálito. Mulheres, na minha mente, já era impensável concebê-las com halitose. A fêmea, em meu imaginário, era uma princesa de cabelos louros ou morenos, como a Branca de Neve. Para mim, então, era fora de questão discutir a halitose feminina, pois simplesmente "isso inexistia". Até que senti os primeiros sinais desse problema em algumas delas. Que decepção! Mas aí, uma nova esperança: eu via, embevecido, as "autoridades" e "artistas de televisão", não raro, em imagens de TV. Era o Presidente da República, os ministros, os senadores, os deputados, os ministros do Supremo, o galã que beijava a mocinha, o cantor que tinha voz gutural, o apresentador perfeito... - Ah, com "esses" é impossível encontrar tal coisa gasturante. Até que fui encontrando, "pessoalmente", essas personalidades pela vida afora. Lembro-me de que, pela primeira vez na vida, fui entrevistar um ministro de Estado e me aprontei com esmero para tal. Até escovei os dentes e apurei o meu olfato para chegar bem perto dele sem decepcioná-lo e comprovar seu "ilibado" ar bucal. Só que não! Senti, na primeira aproximação, que havia algo de errado com meu fantasioso personsagem da República. Ele tinha mau hálito! Que decepção!!! Era mais uma para minha vida de espectador lunático do mundo. - Ah, mas com aqueles cantores adorados pelo povo, a situação deve ser diferente!, pensava eu. E aconteceu o dia de entrevistar um cantor de renome nacional, de vozeirão, de muitos sucessos, de comprovada capacidade profissional no "hit parade". Peguei meu inseparável gravador e fui. Qual não foi a minha nova decepção, que quase nem acreditei: Ele também tinha mau hálito!!! A partir de então, cheio de decepções na vida pregressa, vivo sentindo maus hálitos e halitoses em muitos ambientes, e, de quebra,  praguejando contra um odorzinho qualquer, tênue que seja, saindo estranho das minhas divisões dentárias. Haja linha dental para amenizar o desconforto próprio!!! Ah, me lembrei que até bem pouco tempo atrás eu também cismava com a presença de cabelinhos nas narinas dos seres masculinos. - Que nojo desses pelinhos!!!  Até que vi tal "absurdo" também em cândidos orifícios nasais de jovem debutante fêmea, despreparada para a conquista. Aí chutei o balde. Felizmente, não de vez. Com o tempo, voltei a sonhar, pois acredito na pureza do enlevo, na singeleza do cosmos, na simbiose dos seres, no esperado encontro dos aromas deliciantes celestiais. Quem viver ou morrer verá! Assim espero.  20/11/2016          

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