sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

SUSTENTABILIDADE Entulho de construção civil pode ser reciclado

Reciclar é tendência natural para as empresas por conta da redução de custos e melhoria da imagem da empreiteira, além de contribuir para a diminuição do nível de emissão de gases na atmosfera

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), definida pela Lei nº 12.305, de 2010, despertou o setor da construção civil - responsável por um terço dos gases lançados na atmosfera de todo o mundo, de acordo com dados de organismos ambientais - para a reciclagem de entulhos no Brasil.Além de incentivar a prevenção e redução na geração de resíduos sólidos e a reciclagem do que pode ser reaproveitado, essa política prevê também alternativas para destinação correta do que não pode ser reutilizado.
A organização não governamental Green Building Concil Brasil aponta a construção civil como responsável por um terço dos gases lançados na atmosfera em todo o mundo. Segundo a ONG, em porcentagem, isto significa algo em torno de 25% a 30%, sendo assim, um dos setores que mais poluem no planeta.
Segundo o presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), Hewerton Bartoli, um dos fatores que tem levado as empreiteiras a reciclar os entulhos é a redução de custos. “É mais barato fazer a destinação numa usina (de reciclagem) do que num aterro”, explica.
O mercado de reciclagem ainda é novo e “teve um boom em 2010”, afirma Hewerton Bartoli. Ele explica que reciclar é uma tendência natural. “Reduz custo de caminhão, matéria prima e melhora a imagem da empreiteira”, diz. Ele ressalta, ainda, que comprar agregados (materiais que podem virar concreto e argamassa) em pedreiras é 30% mais caro do que o material reciclado.
A Abrecon classifica os resíduos encontrados em entulho, que são recicláveis para a produção de agregados, em dois grupos. No primeiro deles estão os materiais compostos de cimento, cal, areia e brita: concretos, argamassa, blocos de concreto. Já no segundo grupo, estão materiais cerâmicos, como telhas, manilhas, tijolos, azulejos.
Porto Maravilha
A tendência de reciclagem está presente na Concessionária Porto Novo, responsável pelas obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. O presidente da Concessionária, José Renato Ponte, informa que a Porto Novo recicla o entulho e as rochas de todas as suas obras. “A ideia é utilizar até 80% desse material” diz.
A Porto Novo instalou uma usina de reciclagem próximo ao Terminal Rodoviário Henrique Otte para levar as rochas provenientes das escavações do Túnel 450. Segundo José Renato, as rochas não são consideradas entulhos, mas lá podem ser transformadas em pó de pedra e brita. “Esse material está sendo utilizado na pavimentação das ruas da Região Portuária”, explica.
O projeto Porto Maravilha prevê a reestruturação, por meio da ampliação e requalificação dos espaços públicos, da região portuária do Rio de Janeiro, visando à melhoria da qualidade de vida dos moradores e à sustentabilidade ambiental e socioeconômica da área. O projeto abrange uma área de 5 milhões de metros quadrados, que tem como limites as avenidas Presidente Vargas, Rodrigues Alves, Rio Branco, e Francisco Bicalho.
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal, adquiriu, em lote único, 6,4 milhões de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), o que garante recursos para todas as obras e serviços da operação urbana Porto Maravilha por período de 15 anos. O valor do investimento foi de R$ R$ 3,5 milhões.
Exemplo de reciclagem
Um outro exemplo de reciclagem do entulho da construção civil é o desenvolvido no município de Hortolância (SP), onde os moradores  tem disponíveis sete locais para a entrega dos resíduos sólidos, conhecidos como Ponto Entrega Voluntária (PEVs). Esses locais são caçambas disponibilizadas pela prefeitura para que entulhos possam ser depositados.
Cada cidadão pode descartar, gratuitamente, até um metro cúbico de entulho por mês. São aceitos, além do lixo da construção civil, isopor, plástico, garrafa PET, eletroeletrônicos, sofás, colchões velhos e outros itens que podem ser reciclados. Após uma triagem, o resto de construções é transformado em brita, areia ou pedra para serem vendidos ou utilizados em obras da prefeitura.
A instalação de Pontos de Entrega Voluntária é resultado do projeto Reciclando Entulhos, apoiado pelo Fundo Socioambiental CAIXA, que contou com a realização de palestras educativas e produção de panfletos sobre educação ambiental. A CAIXA investiu mais de R$ 1 milhão, dinheiro utilizado, entre outras coisas, para a compra de dois caminhões para o transporte das caçambas.
(Fonte Caixa Econômica Federal - Agência Caixa de Notícias)
24/12/2014 09h20 - Atualizado em 24/12/2014 10h07

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