Fonte: Site do Governo do Estado (20/02/2015)
Fotos: Reprodução APEES
Em 17 de fevereiro de 1874 chegava ao porto de Vitoria o navio “La Sofia”, conduzindo 388 imigrantes italianos provenientes, em sua maior parte, da província de Trento. Eles foram contratados por Pietro Tabacchi, que possuía a fazenda “Monte das Palmas”, em Santa Cruz. O empreendimento, porém, não prosperou, provocando descontentamentos e revoltas por parte dos colonos. Um grupo seguiu para colônias oficiais do sul do Brasil enquanto outros aceitaram a proposta do Governo do Espírito Santo para se instalar na “Colônia Imperial de Santa Leopoldina”, sendo direcionados ao Núcleo de Timbuhy, no atual município de Santa Teresa.
APEES
No acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
(APEES) existem centenas de documentos que testemunham esse importante fato
histórico para a imigração italiana. Dentre eles está um ofício que mostra a
existência de imigrantes na região em outubro de 1874. Trata-se de um pedido de
ressarcimento feito pelo colono Francesco Merlo encaminhado no dia 28 de
outubro de 1874 ao Presidente da Província. Francesco solicita do Governo a
restituição dos gastos que teve com a passagem da Itália à Colônia de Nova
Trento, no valor de 122 fiorins, pelo fato de não ter sido reembolsado pelo
contratante Pietro Tabacchi. O pedido foi deferido pelo Presidente da Província
em 26 de fevereiro de 1875.
História
No documento consta a
seguinte informação: “Francesco Merlo, colono italiano estabelecido na Colônia
de Santa Leopoldina, no Districto de Timbuhy à margem da estrada de Santa
Thereza (...)”. Essa estrada interligava Vitória à Cuithé, em Minas Gerais,
construída entre 1848 a 1857 e cruzava as serras capixabas seguindo o traçado
do rio Timbuhy, onde se encontra a cidade de Santa Teresa, que recebeu esse
nome devido à existência da citada estrada que cortava a localidade. A partir
da descoberta desse documento confirma-se que o município sediou a primeira
colônia de imigrantes italianos do Brasil. O documento será apresentado aos
moradores na solenidade em comemoração aos 124 anos de emancipação política,
que ocorrerá nesta sexta-feira (20), às 19h, no Museu Mello Leitão. Além da
entrega a equipe do Arquivo Itinerante vai atender aos teresenses durante o
final de semana fornecendo informações catalogadas na base de dados do projeto
“Imigrantes Espírito Santo”.
A imigração Italiana no Espírito Santo
A primeira expedição
de italianos para o Espírito Santo foi batizada com o sobrenome do seu
idealizador, Pietro Tabacchi. De acordo com o sociólogo Renzo M. Grosselli, no
livro “Colônias Imperiais na Terra do Café”, da Coleção Canaã do APEES,
Tabacchi era um italiano oriundo de Trento que já se encontrava no Espírito
Santo desde o início da década de 1850. Ao observar o interesse do Brasil pela
mão de obra europeia ele decidiu oferecer terras para os imigrantes em troca do
direito de derrubar 3,5 mil jacarandás para exportação.
Após um
longo período de negociação o Ministério da Agricultura autorizou a Província a
firmar contrato com Tabacchi, que por sua vez enviou emissários ao Trentino
(Tirol Italiano), à época sob o domínio austríaco, para capitanear famílias
daquela região e do Vêneto. Assim, no dia 3 de janeiro, às 15 horas, partia do
porto de Gênova o “La Sofia”. A chegada ao Espírito Santo ocorreu no dia 17 de
fevereiro e o desembarque se prolongou até 27 do mesmo mês. Em 01 de março
começou a viagem até o porto de Santa Cruz, em direção à propriedade de
Tabacchi. Foi a primeira expedição em massa de camponeses da Itália para o
Espírito Santo e daria início à epopeia emigratória dos italianos para o
Brasil. Porém, os colonos logo perceberam que foram enganados por falsas promessas. Não
existiam as terras preparadas e a situação nos alojamentos era caótica. Esses
fatos, somados a uma difícil travessia pelo Atlântico, foram ingredientes que
culminaram na primeira revolta.
A Expedição Tabacchi inaugura um novo movimento migratório.
Desta vez, o foco dos agenciadores se concentra na península itálica,
especialmente nas regiões norte-nordeste, de onde partiram aos milhares para
diversos países do mundo e, em um número considerável, para o Brasil. A Itália
recém-unificada era um país desconexo, com altas taxas demográficas e uma
grande massa de desempregados.
Sem alternativas, muitos viajaram para realizar o “sonho da
América”. Em 1875 as partidas dos transatlânticos de Gênova e de outros portos
da Europa se tornaram rotinas. Para o Espírito Santo vieram 1.403 colonos nesse
ano.
...
Informações à imprensa: Arquivo Público do Estado do
Espírito Santo Cilmar Franceschetto Jória Motta Scolforo 3636-6117/99633-3558
comunicacao@ape.es.gov.br
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