PROFESSOR DELBONI: "PARA SUPERAR A VIOLÊNCIA, DEVEMOS OLHAR PARA A PRÁTICA DE JESUS"

O professor Paulo César Delboni (coordenador da Faculdade Salesiana) falou sobre "Juventude e Superação da Violência", no último dia da Semana Teológica 2018, promovida pelo Centro de Estudos da Diocese de Colatina (Cedic). A palestra foi na sexta-feira (21-9-2018). Entre outras explicações e colocações, ele citou números da violência no Brasil, enumerando como cidades muito violentas: Fortaleza, Manaus, Curitiba, Maceió, Brasília, Belo Horizonte, entre outras... Das cidades menos, evidenciou o caso de Altamira/PA, onde impera o tráfico de drogas e a disputa por terras. Em números absolutos, pontuou que nenhum lugar no mundo registra mais mortes que São Paulo/SP. Admitiu, no entanto, que em 2015 houve redução dessa estatística. "O Rio de Janeiro/RJ é a segunda cidade do país com mais mortes neste século", asseverou. O professor previu que de 2001 a 2018, o Brasil esteja chegando a um milhão de mortes pela violência, pois até 2015 eram 786 mil. Disse que o risco de morte é maior para os jovens. E entre os negros, o risco de morrer assassinado é muito maior que entre os brancos. Informou que a taxa de homicídios no Brasil foi de 30,3 por 100 mil pessoas em 2016. Entre os negros, foi de 40,2 por 100 mil. "Os números para a população negra equivalem a duas vezes e meia o da população branca", acentuou. As armas são a principal forma de assassinato no país: 7 de cada 10 homicídios são provocados por armas de fogo. 51% das vítimas de estupro são crianças de até 13 anos de idade, abusadas, na maior parte, por amigos e parentes. O professor criticou ainda a "ineficiência do aparato judicial". E questionou: "Até que ponto há justiça no país. Ela é para todos? É! Mas é igual? ... É preciso discutir a legitimidade dos poderes no Brasil, não só do Judiciário, mas do Legislativo... Pra quem são as leis?..." Falou ainda da violência no trânsito: "Em 2012, quase 41 mil brasileiros perderam a vida nas estradas, e as principais causas da violência no trânsito são evitáveis". Passou ainda pela "Religião e Violência", a violência psicológica ("Você tá velha!"; "Você tá horrorosa!"; "Você é gorda!"...), e a "Violência Simbólica". Esta última "se baseia na fabricação de crenças no processo de socialização, que induzem o indivíduo a se enxergar e a avaliar o mundo de acordo com critérios e padrões definidos por alguém. Trata-se da construção de crenças coletivas e faz parte do discurso dominante". Ao fim de sua exposição, o professor Delboni mostrou um texto do Papa Francisco, como uma espécie de síntese para superar a violência: "Nenhuma família sem moradia, nenhum agricultor sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá" (Encontro Nacional de Movimentos Populares, Vaticano, 27-10-2014). "Para superar a violência, devemos voltar o nosso olhar para a prática de Jesus: perdoar, não julgar, ser misericordioso...".
TEXTO E FOTOS: REPÓRTER, RADIALISTA E BLOGUEIRO PAULO MACIEL, DE COLATINA/ES, para suas páginas na web: reporterpaulomaciel.blogspot.com e facebook.com/paulomacieldaradio (21-9-2018)