Fenômeno aconteceu a cerca de 390 milhões de anos-luz da Terra
A Agência Espacial dos
Estados Unidos (NASA) anunciou, nesta semana, ter encontrado o que
considera ser “a maior explosão já vista no Universo”. Ela foi detectada
no aglomerado de galáxias Ophiuchus, que fica a cerca de 390 milhões de
anos-luz da Terra.
De acordo com os astrônomos, uma “erupção
gigantesca e recorde” atingiu um buraco negro em um aglomerado de
galáxias distantes. A descoberta foi possível a partir de dados de
raios-X dos observatórios de Raios-X Chandra, da NASA; XMM-Newton, da
Agência Espacial Europeia; Murchison Widefield Array, na Austrália; e do
Telescópio Gigante de Rádio Metrewave, na Índia.
“De certa forma, essa explosão é semelhante à
forma como a erupção do Monte St. Helens, em 1980, arrancou do topo da
montanha”, disse Simona Giacintucci, do Laboratório de Pesquisa Naval,
em Washington, DC. Simona é a principal autora do estudo. “Uma diferença
fundamental é que você poderia colocar quinze galáxias da Via Láctea
seguidas na cratera, essa erupção perfurou o gás quente do aglomerado”,
acrescentou.
A quantidade de energia necessária para
criar a cavidade em Ophiuchus é cerca de cinco vezes maior que o
recordista anterior (MS 0735 + 74), e centenas e milhares de vezes maior
que os aglomerados típicos em outras galáxias.
No centro do aglomerado de Ophiuchus, há uma
grande galáxia que contém um buraco negro supermassivo. Os
pesquisadores pensam que a fonte da erupção gigantesca é esse buraco
negro.
Segundo a NASA, apesar de os buracos negros
serem famosos por puxar material em sua direção, eles geralmente expelem
“quantidades prodigiosas de material e energia”. Isso acontece quando a
matéria que cai em direção ao buraco negro é redirecionada para jatos
ou vigas, que explodem no espaço e se chocam com qualquer material
circundante.
As primeiras dicas sobre a explosão gigante
no aglomerado de galáxias Ophiuchus ocorreram durante observações de
Chandra relatadas em 2016, quando foi descoberta de uma “borda curva
incomum” na imagem Chandra do cluster.
Na época, os observadores suspeitaram que
isso representava parte da parede de uma cavidade no gás quente criado
por jatos do buraco negro supermassivo. No entanto, eles descartaram
essa possibilidade, em parte porque seria necessária uma enorme
quantidade de energia para o buraco negro criar uma cavidade tão grande.
No entanto, o último estudo de Giacintucci e seus colegas mostrou que “uma enorme explosão ocorreu de fato”.
Primeiro, eles mostraram que a aresta curva
também é detectada por XMM-Newton, confirmando a observação Chandra. O
avanço crucial, para confirmar as suspeitas, ocorreu a partir de novos
dados de rádio do MWA e dos arquivos GMRT, mostrando que a borda curva é
realmente parte da parede de uma cavidade, uma vez que faz fronteira
com uma região cheia de emissão de rádio e com a constatação de que
havia elétrons acelerados até quase a velocidade da luz.
“Essa aceleração provavelmente se originou
do buraco negro supermassivo”, informou a NASA por meio de nota. "Os
dados do rádio cabem dentro dos raios-X como uma mão em uma luva", disse
o co-autor Maxim Markevitch, do Centro de Vôo Espacial Goddard da NASA,
em Greenbelt, Maryland. "Este é o argumento decisivo que nos diz que
uma erupção de tamanho sem precedentes ocorreu aqui".
Ainda de acordo com a agência
norte-americana, a erupção do buraco negro deve ter terminado porque os
pesquisadores não veem nenhuma evidência de jatos atuais nos dados de
rádio. Esse desligamento pode ser explicado pelos dados de Chandra, que
mostram que o gás mais denso e mais frio visto nos raios-X está
atualmente localizado em uma posição diferente da galáxia central.
Se esse gás se afastar da galáxia, terá privado o buraco negro de combustível para o seu crescimento, desligando os jatos.
O Marshall Space Flight Center da NASA
gerencia o programa Chandra. O Centro de Raios-X Chandra do Observatório
Astrofísico Smithsonian controla as operações científicas e de vôo de
Cambridge e Burlington, Massachusetts.
*Com informações da Nasa
Edição: Aline Leal. Publicado
em 01/03/2020 - 11:34 Por Pedro Peduzzi –
Repórter da Agência Brasil* - Brasília
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