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--O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na quarta-feira (25/03/2020) que pressões do mercado financeiro têm motivado os movimentos em defesa de medidas que amenizem o isolamento social como enfrentamento à pandemia de coronavírus.
--“A minha opinião é: nós tivemos, nas últimas semanas, uma pressão muito grande de parte de investidores, aqueles que colocaram recursos na bolsa de valores esperando a prosperidade, a bolsa a 180 mil pontos. A bolsa caiu no mundo inteiro porque essa não é uma crise do Brasil, é uma crise mundial que atinge o Brasil [também]”, afirmou Maia.
Na
noite de terça-feira (24/03/2020), o presidente Jair Bolsonaro disse, em
pronunciamento no rádio e na TV, que as autoridades devem evitar medidas
como proibição de transportes, o fechamento de comércio e o
confinamento em massa, com exceção apenas para idosos e doentes
crônicos. As falas do presidente repercutiram no dia de hoje.
“A gente não pode ouvir os investidores que
estão perdendo dinheiro, [que] foram para o risco e o risco é assim,
você ganha e perde. Agora, nós colocarmos as vidas dos brasileiros em
risco por uma pressão de parte de brasileiros que investiram na bolsa e
estão perdendo dinheiro, quem foi para o risco foi para o risco. O que a
gente precisa é continuar seguindo a orientação do Ministério da Saúde
[de manter o isolamento social]”, argumentou o parlamentar.
Na avaliação de Rodrigo Maia, falta ao país
um pacote de medidas que possa garantir uma política de isolamento dos
idosos acima de 60 anos e renda aos trabalhadores brasileiros que
recebem até cinco salários-mínimos para assegurar que o impacto da
pandemia não seja tão pesado às populações mais vulneráveis do país.
“A gente precisa de previsibilidade. O que
está faltando hoje para os brasileiros, para todos, é previsibilidade.
Se o governo já tivesse resolvido a renda dos brasileiros mais simples,
uma política de isolamento dos idosos nas cidades, se o governo já
tivesse garantido a renda do emprego daqueles que ganham até cinco
salários-mínimos - o teto do INSS, nós já teríamos garantido
previsibilidade para a maioria dos brasileiros e com isso, todos estavam
fazendo o isolamento, esperando os impactos da chegada do vírus e a
cada semana avaliando o que deve ser feito”, disse o deputado.
Corte de salários
O deputado defendeu ainda a possibilidade de
corte de salários de servidores públicos como política fiscal para o
enfrentamento à pandemia em estados e municípios. Para Rodrigo Maia, não
apenas deputados devem ter redução de remuneração, mas todo
funcionalismo público.
“Quando eu falo em corte, falo em corte como
um todo. A arrecadação do governo federal, dos estados e dos municípios
vai cair muito. Todos vão ter que se readequar a uma nova realidade, é
nesse contexto que eu digo que todos vão ter que contribuir. Inclusive,
com a redução de salário. Mas, eu acho que isso é uma construção que
deve acontecer nas próximas semanas porque é uma construção que precisa
ser feita com diálogo, não se pode impor isso a outro poder”, avaliou.
PEC Orçamento de Guerra
O congressista afirmou ainda que pretende
colocar em votação na próxima semana uma proposta de emenda à
Constituição (PEC) que cria um orçamento específico para ações de
combate ao coronavírus.
“Estou confiante que a gente possa
conseguir, a partir de segunda (30), ter esse texto em início de debate
para que na próxima semana, nesse bom ambiente de diálogo, possa aprovar
para dar as condições para que o governo federal possa começar a
entender que a segregação do orçamento nos obriga a construir soluções
de gastos públicos para o enfrentamento da crise em todas as áreas”,
explicou.
Isolamento vertical
Maia cobrou do governo federal uma política
mais completa em relação ao isolamento de idosos. No pronunciamento de
ontem, Bolsonaro afirmou que 90% da população não terá qualquer
manifestação da doença, caso se contamine, e a preocupação maior deve
ser não transmitir o vírus para os idosos.
“Pedir uma liberação vertical sem a gente
ter feito uma operação de guerra para proteger os idosos que vivem em
várias comunidades, em todos os estados, me parece uma decisão focada em
algo que não está sendo bem elaborado, bem construído e que não há uma
preocupação com esses brasileiros que vivem em ambientes pequenos, com
muitos parentes, muitos jovens, que certamente saindo para trabalhar
voltarão para suas residências e contaminarão milhares de idosos
brasileiros”, defendeu.
Edição: Narjara Carvalho
Fonte: Agência Brasil
POSTADO POR: REPÓRTER, RADIALISTA E BLOGUEIRO PAULO MACIEL, DE COLATINA/ES, NOS ENDEREÇOS NA WEB: paulo roberto maciel (canal no youtube), reporterpaulomaciel.blogspot.com e facebook.com/paulomacieldaradio (26/03/2020)
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