Redação, pesquisa, transcrição e foto reproduzida de santinho: Paulo R. Maciel para o blog REPORTERPAULOMACIEL.BLOGSPOT.COM
Gosto muito
de rezar e acho que são momentos essenciais para a minha vida e para a minha paz
espiritual. É a minha conversa com Deus, seja pedindo ou agradecendo as tantas
graças que Ele nos dá. Pesquisando sobre a oração em línguas, me deparei na
internet com uma matéria feita sobre o tema, anos atrás, pelo programa “Fantástico”,
uma revista dominical da TV Globo. A reportagem começa com uma celebração da
Igreja Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo/SP, onde os católicos cantam animadamente a famosa música religiosa: “Vem,
vem louvar, encher esse lugar de glória, encher esse lugar de glória, com a
glória do Senhor...” Os cânticos diante do altar-mor preparam os devotos para o
que vem em seguida: as orações em línguas. Os católicos ligados à Renovação
Carismática Católica (RCC) acreditam que nessas celebrações de louvor a Deus
eles recebem os dons do Espírito Santo, e um deles é especificamente o de orar
em línguas estranhas. Segundo Reinaldo Beserra dos Reis (membro do Comitê
Internacional da RCC), esse tipo de exaltação na fala nos permite ficar horas e
horas louvando e exaltando a Deus, e sempre que estamos num ambiente de fé,
pedindo por isso, Deus realiza e é glorificado. “É uma linguagem que não tem
tradução, não tem interpretação, você não pensa, você não articula, não se
trata de uma linguagem identificável. Em termos linguísticos ela não tem uma
estrutura que você possa analisar e traduzir. Isso é a oração em línguas.” Numa
outra celebração católica na cidade de Sorocaba/SP, os devotos entram em êxtase
também com o mesmo tipo de louvor a Deus.
Ainda em São
Paulo, num templo evangélico da igreja Assembleia de Deus Betesda (religião
pentecostal protestante), são os crentes que oram em línguas estranhas. O
pastor Ricardo Gondim disse que quando o crente está falando em línguas estranhas,
ele está falando com Deus numa língua que para ele é mistério. Acrescenta que se
trata de é um fenômeno de transbordamento para eles, ultrapassando a barreira
da linguagem. Explica que foi um fenômeno que se deu no Dia de Pentecostes, mas
que não ficou restrito àquele dia narrado na Bíblia. Essa promessa iria se
repetir em outras ocasiões. “O êxtase que nós entendemos como êxtase é esse
momento em que as minhas emoções ficam tocadas pela presença e pelo contato com
o sobrenatural e com um Deus que nós acreditamos que é vivo e verdadeiro.” O
pastor cita ainda uma frase do apóstolo São Paulo (foto acima): “As línguas estranhas são os
gemidos enexprimíveis do Espírito, que em mim eram do Pai.” Um fiel evangélico diz
que sente, ao orar em línguas, que é a manifestação do poder de Deus.
Na matéria
do programa, o jornalista Pedro Bial questiona sobre o fundamento desta prática
religiosa. Então discorre sobre o assunto, dizendo que a Bíblia Sagrada narra que,
antes de subir ao Céu, Jesus Cristo prometeu enviar aos seus apóstolos o
Espírito Santo. E assim foi feito na chamada Celebração de Pentecostes,
cinquenta dias depois da Páscoa Judaica, em Jerusalém, quando o Espírito Santo
desceu sobre os discípulos de Cristo, inclusive a Virgem Maria, na forma de
línguas de fogo. Foi aí que ocorreu o fenômeno das línguas: Os apóstolos
falavam em sua própria língua – provavelmente o aramaico – e as muitas testemunhas
que não conheciam o idioma, porque eram de outras regiões, entendiam o que era
dito por eles. Dom Alberto Taveira (então arcebispo de Palmas e diretor
espiritual da RCC) disse que em Pentecostes “houve aquela efusão grande do
Espírito Santo. Então é interessante que o primeiro fenômeno é que os apóstolos
falavam e todos entendiam. Depois houve muitas vezes esse fenômeno de glossolalia,
de falar em línguas diferentes. Quando você está muito feliz com algo que
acontece, começa a cantarolar, muito mais usando os sons do que palavras.” Pelo
que os fiéis pronunciam, dá para traduzir algumas palavras assim: “lalalá...
labaria... ialabandá... ialabandaria... Ialie-rárá...lalá-Ialá... ALELUIA,
ALELUIA...”
O programa
televisivo informa que um pastor norte-americano negro, quase cego, foi quem inaugurou
a era moderna do movimento pentecostal. Seu nome era William Joseph Seymour. No
início do século XX ele promovia, num templo da rua Azusa, em Los Angeles (Califórnia,
Estados Unidos), cultos com cantos, danças, gritos, línguas estranhas e êxtase
espiritual. O evento ficou conhecido como “Avivamento da Rua Azusa”. Em abril
de 1906, repórteres do jornal Los Angeles Daily Times assistiram às celebrações
e puseram na primeira página do jornal: “Espantosa babel de línguas”, “Nova
seita de fanáticos à solta”, “Cenas impressionantes da noite da rua Azusa”. Foi,
assim, há mais de cem anos, inicialmente nas igrejas evangélicas, que o
movimento pentecostal voltou. E nos anos 1960, também ganhou força na Igreja
Católica. Uma estudante disse que no momento que os fiéis estão orando em
línguas “é o próprio Espírito que vem e nos conduz esse momento de oração.”
Outra fiel – uma balconista - resumiu bem o que significava para ela esse
momento de orar em línguas: “É uma experiência com Deus.” Uma administradora de
imóveis também se pronunciou, afirmando que com o seu falar em línguas estava “na
verdade louvando a Deus”. Marcos Volcan (presidente da RCC, na época) disse que
toda essa experiência vivida pelos carismáticos católicos tem como fruto e
consequência uma paz interior muito grande. O pregador da RCC, Ironi Spuldaro,
revelou que as pessoas da sua família diziam que ele havia enlouquecido e que
tudo aquilo era coisa da sua cabeça. “Você criou isso – diziam –, mas eu tinha
dentro de mim uma consciência muito clara: Algo de extraordinário está
acontecendo comigo.” Eis um trecho sobre o tema na Primeira Carta de São Paulo
aos coríntios: “Aquele que fala em línguas não fala aos homens, senão a Deus:
ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob a ação do Espírito.” (I
Cor 14, 2)
No verso da imagem do apóstolo São Paulo, o frei Renato (do Santuário Divino Espírito Santo, Vila Velha/ES) fez uma dedicatória ao titular deste blog, na década de 1960.
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