- POR repórter/radialista/blogueiro/ Paulo Maciel, de Colatina/ES
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IGREJA São Vicente de Paulo, Córrego do Ouro, 29-10-25. Rep. Paulo Maciel
TRABALHO DE CURSO - CARTAS PAULINAS E O CRISTIANISMO PRIMITIVO
São Paulo Apóstolo é uma figura fascinante do Novo Testamento, sendo a personalidade mais destacada depois de Cristo Jesus. Ele fala com desenvoltura diante das autoridades do seu tempo, viaja para diversos países, consegue fazer muitos discípulos e colaboradores (tanto homens quanto mulheres), intercede a Deus com sucesso e realiza milagres, é perseguido e agredido mas mantém a fé... Enfim, foi um homem realmente querido e convocado por Jesus para a importante obra de evangelização do mundo. Foi quem inaugurou o conteúdo escrito da Nova Aliança e inspirou outros a fazerem o mesmo. Sem ele, não sei se nós teríamos sido alcançados pela evangelização.
O Apóstolo tardio Paulo de Tarso, mais conhecido no catolicismo como São Paulo, é autor de cerca de cinquenta por cento dos livros do Novo Testamento (NT). Dos 27 documentos, quatorze tem o espírito/pensamento paulino. Foi o primeiro a escrever um livro sobre o Cristianismo - a Primeira Epístola aos Tessalonicenses -, nos anos 50 d.C. (menos de vinte anos após a morte e ressurreição de Jesus). Há quatorze cartas que contêm o ensino teológico paulino, incluindo a Carta aos Hebreus. Sete são seguramente escritas por ele e as outras são dele ou de comunidades e/ou discípulos instruídos por sua pregação. As tidas como genuínas por alguns teólogos são: Rm, 1 e 2Cor, Gl, Fl, 1Ts e Fm. Em seus escritos Paulo, invariavelmente, cita a participação de discípulos, colaboradores ou seguidores próximos. Suas ações são ainda amplamente divulgadas pelo médico e seguidor São Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos (e de um Evangelho), e há também referências numa carta de São Pedro. Paulo era poliglota, dominando, possivelmente, os idiomas hebraico, aramaico, grego e latino. Pode se inferir que era altamente culto e versado nas culturas judaica, helênica e romana; tanto é assim que teve enorme desenvoltura em todas as cidades do Império Romano que visitou, com o intuito de anunciar o nome de Cristo Jesus. Isto aconteceu em Jerusalém, em Antioquia da Síria, em Atenas, em Corinto, em Roma e, provavelmente, até no território da Espanha...
Paulo, também conhecido como Saulo de Tarso, teve como professor em Jerusalém o grande rabino Gamaliel, de uma escola de elite do seu tempo. Foi um fariseu muito zeloso pelas tradições da Torá - o Pentateuco ou os cinco primeiros livros judaicos das Escrituras - e dos livros dos Profetas do Antigo Testamento (AT). A corrente farisaica do judaísmo era bastante rigorosa no cumprimento da Lei, que, além dos dez mandamentos, possuía mais de seiscentos outros preceitos rituais e morais. Paulo, no princípio, mesmo com muita fé em Deus, perseguiu o cristianismo nascente pensando ser uma seita que queria desvirtuar os fundamentos do judaísmo. Foi, então, que Cristo Ressurreto lhe apareceu de forma sobrenatural, avassaladora, quando se dirigia para Damasco, na Síria, a fim de continuar seu combate aos cristãos. O Senhor Jesus lhe disse, na aparição, que o queria como anunciador da Boa Nova em todo o mundo, principalmente no território gentio, com a missão, inclusive, de chegar a Roma, capital do Império que dominava o mundo. Nessa experiência de conversão, Paulo compreendeu que Jesus Cristo era o Messias, o Cristo, o Ungido de Deus enviado ao mundo. Era, enfim, o cumprimento das profecias e das prefiguracões contidas na transmissão oral e nos pergaminhos e papiros da Aliança de Deus com o povo hebreu desde a criação do mundo. Ou seja, Cristo era o Filho de Deus humanado, que veio ao mundo como Cordeiro Santo para redimir os seres humanos do pecado original, entregando sua vida na cruz e sendo o primeiro a ressuscitar dos mortos e ascender aos Céus.
Para Paulo, Cristo passou a ser o símbolo do novo Adão. Enquanto o primeiro Adão (primeiro ser criado) desobedeceu a Deus Pai e pecou, Cristo Jesus foi humilde, obediente e sem pecado, tornando possível novamente a comunhão da humanidade com o Criador. O apóstolo chega a ressaltar que Cristo não usurpou da situação de ser também divino, cumprindo a missão até a morte, e "morte de cruz"- a condenação mais humilhante daquele tempo. O "Apóstolo dos Gentios" pode ter passado alguns meses no território damasceno, após a conversão, onde manteve contatos iniciais com o cristão Ananias, e depois ficou três anos no deserto da Arábia. Deve ter usado esse tempo para estudos e reflexões e novos contatos extraordinários com Deus, antes de iniciar sua missão pelo mundo. Tempos depois voltou a Damasco. Por volta de 47 ou 48 d.C., uns quatorze anos após a conversão, Paulo começou a viajar para cumprir a missão que lhe foi incumbida por Cristo. Nessa primeira jornada esteve acompanhado por Barnabé e João Marcos, começando por Antioquia e indo para Chipre e outras cidades da Ásia Menor.
Paulo nasceu em Tarso, uma cidade grande com 300 mil habitantes localizada na Ásia Menor (hoje, Turquia), a 20 km do Mar Mediterrâneo. Ali começou seus estudos junto à família. Era judeu da diáspora e recebeu a cidadania romana, por ser de uma família importante. Esse privilégio era concedido a poucas pessoas pelo Império. Como a família possuía recursos, Paulo viajou, talvez com 15 anos de idade, para Jerusalém a fim de completar os estudos. Na "Cidade Santa" residiu por uns quinze anos, principalmente para a formação acadêmica, até encontrar-se, sobrenaturalmente, com Jesus ressurreto na estrada de Damasco, no ano 33 d.C..
Paulo sofreu muito por se dedicar inteiramente à evangelização do mundo com a Boa Nova de Cristo Jesus. Em muitas situações era incompreendido até pelos próprios irmãos de nacionalidade. Todavia, Cristo o sustentou em todos os momentos, inclusive com novas aparições místicas, que o levaram até mesmo ao Terceiro Céu, além de receber o dom dos milagres. Empreendeu quatro viagens missionárias, de acordo com a pesquisa de Lucas nos Atos dos Apóstolos (capítulos 9, 11, 15 e 18). Foi ele quem provocou o primeiro concílio da Igreja, ocorrido em Jerusalém, quando os gentios ficaram oficialmente desobrigados do preceito judaico da circuncisão. Num determinado momento de sua missionariedade, percebeu-se com uma enfermidade incômoda ("espinho na carne") e Deus/Jesus lhe disse, em suas fervorosas orações, que bastava-lhe a sua graça. Era na fraqueza da doença que o apóstolo se fortaleceria, não se ensoberbecendo pelo fato de ter experiências transcendentais com a Santíssima Trindade.
O NT é composto por quatro evangelhos (Mt, Mc, Lc e Jo), uma monografia histórica (At), um gênero apolíptico (Ap), e as cartas (além das quatorze paulinas, têm as católicas/universais: uma de Tiago, duas de Pedro, três de João e uma de Judas). Existem também citações de algumas cartas em At 15, 23 e At 23, 26 e no Ap 2 - 3. Ou seja, o gênero epistolar domina a literatura da Nova Aliança. No AT, as citações de cartas só aparecem nos livros de Jeremias (Jr 29, 1-29), Baruc (Br 6) e Segundo de Macabeus (2MC 1, 1-9; e 1, 10 - 2, 18). Eis as abreviaturas das cartas Paulinas: Rm, 1ª e 2ª Cor, Gl, Ef, Fl, Cl, 1ª e 2ª Ts, 1ª e 2ª Tm, Tt, Fm, e Hb. É importante destacar que naquele tempo não era uma tarefa fácil escrever cartas ou outros documentos. Fazia-se necessário possuir pergaminho ou papiro, estilete próprio para redigir, muitas vezes um secretário/escriba para receber o ditado, tempo disponível para organizar o texto e muitos dias para concluir a mensagem, além do carteiro/mensageiro/portador para levar o documento ao destinatário. Entres os principais colaboradores e discípulos de Paulo estão: Timóteo, Silas, Barnabé, Lucas, Priscila (ou Prisca) e Áquila, Tito, Febe, Epafras, Lídia, Epêneto, Andrônico e Júnias, Jasão, Sosípatro, Tércio, Gaio, Erasto e muitos outros.
Paulo contribuiu fundamentalmente para a divulgação escrita do Cristianismo nos seus primórdios, inaugurando o gênero literário da carta cristã, apostólica e eclesial. A partir do seu ato pioneiro, elas se tornaram usuais na tradição como instrumento de evangelização, exortação, instrução e comunicação do magistério da Igreja Católica. O "Apóstolo dos Gentios" foi, seguramente, o maior propagador da Palavra de Cristo e fundador de muitas igrejas nas principais cidades do mundo em sua época. Anunciou o Deus humanado, que veio ao mundo para que todo o que nele cresse fosse salvo para a vida na eternidade. Anunciou também a ordenança de Jesus para que fosse realizada, até a sua volta no fim dos tempos (escatologia), a cerimônia da fração do pão, que se tornou a Santa Missa ou presentificação de sua Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão aos Céus. A transubstanciação está na 1Cor 11, 23-26: "... o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e, dando graças, o partiu e disse: 'Tomai e comei: isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim.' ... Depois de ter ceado, tomou o cálice, dizendo: 'Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; fazei isto em memória de mim todas as vezes que o beberdes.' Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que ele venha.".
Paulo de Tarso morreu como mártir, ao ser decapitado entre os anos 64 e 67 d.C., no governo do famigerado imperador Nero. Em Roma, o corpo dele está sepultado na Igreja de São Paulo Fora dos Muros. O episódio aconteceu no mesmo período em que Pedro, também em Roma, recebeu a coroa do martírio.
- ABREVIATURAS: At (Atos dos Apóstolos), Rm (aos Romanos), Cor (aos Coríntios), Gl (a Gálatas), Cl (aos Colossenses), Ts (aos Tessalonicenses), Tm (a Timóteo), Tt (a Tito), Fm (a Filêmon), Hb (aos Hebreus).
- FONTE DE PESQUISA: Apostila "Corpus Paulinum", do Professor Pe. Andherson F. L. de Souza, do Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória, 2009. - Bíblias Sagradas Católicas - Redes Digitais (Web).
QUESTÕES DISCURSIVAS - Aluno: Paulo Roberto Maciel
5. Quantas cartas são consideradas autênticas de Paulo e quais são?
R.: Sete: Romanos, 1ª e 2ª aos Coríntios, Gálatas, Filipenses, 1ª aos Tessalonicenses e Filêmon.
6. Explique o que Paulo quis dizer com "O justo viverá pela fé" (R 1, 17) e sua importância para a teologia cristã.
R.: O tema está também no no Antigo Testamento - no Livro de Habacuque (Hab 2, 4). O justo é o crente em Cristo - única fonte de salvação eterna -, é aquele que coloca o Evangelho nas suas ações. Sem a fé em Cristo não há como se salvar para a eternidade com Deus.
7. Qual é a principal mensagem da Primeira Carta aos Coríntios e como ela se aplica à vida da comunidade cristã hoje?
R.: São Paulo pretende levar de volta a unidade na Igreja de Corinto, cujos membros estão brigando em torno da preferências por algumas lideranças e adesão a muitas promiscuidades. O apóstolo diz que o único líder a ser seguido é Cristo Jesus. A Igreja atual também passa por muitas contendas num mundo cheio de opiniões divergentes e com muita devassidão.
8. Fale sobre o papel do Espírito Santo nas cartas paulinas e como ele atua na vida do cristão, segundo o apóstolo Paulo.
R.: O Espírito Santo conduz o cristão à fé. O Espírito santifica e edifica a Igreja e concede dons especiais para evangelizar e frutificar em boas obras. O Espírito Santo guia, esclarece, protege, consola, faz discernir. Jesus o enviou também para dar ânimo na missão.
9. Como Paulo trata o tema da unidade da Igreja em suas cartas, especialmente em Efésios e na 1ª aos Coríntios?
R.: Paulo diz que Cristo veio ao mundo para unir e salvar judeus e pagãos, transformando-os num só povo. Com sua morte e ressurreição, ele aboliu leis e preceitos da Antiga Aliança, possibilitando a criação de um homem novo que volta a receber a graça divina. A unidade é torno de Cristo Jesus. Na Igreja de Cristo-Cabeça todos os membros são co-herdeiros da vida eterna. A Igreja é um edifício encabeçado por Cristo, tendo como alicerces os profetas e apóstolos, formada por fieis praticantes do amor, humildade e paciência.
10. Avalie as aulas dos estudos das Cartas Paulinas: o que foi bom, o que foi ruim e o que pode melhorar.
R.: O período de ensino é muito curto para aprofundamentos, mas só o fato de termos um membro consagrado da Igreja como professor já nos instrui naquilo que é elementar. A confraternização entre os irmãos que professam a mesma fé também é muito edificante, além da troca de experiências. Fora isso, é imprescindível que cada um faça a sua parte no dia a dia, estudando e pesquisando sobre a Escritura a fim de ampliar e fortalecer os conhecimentos e a participação na Igreja. - (- Paulo Roberto Maciel, ALUNO do CURSO DO CEDIC ----/10/2025)
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